By JOÃO SAMPAIO - Itaqui/RS

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

BRASINO PÊLO DE TIGRE






Tenho um perro cimarrón
Dos que peleia de pé
Brasino pêlo de tigre
Chamado de Bororé!

Maleva desde novinho
Se criou flor de campeiro
Com ele não tem de alçado
Que não venha pro saleiro!

Quando pega algum gavião
Se é grande deixa retaco
É o meu amadrinhador
Caso eu encilhe um velhaco!

Na zebuzada de cria
Só vendo esse companheiro
Enche a vaca de gambeta
Enquanto eu curo o terneiro!

Certa feita me salvou
Numa caçada campeira
Nem bem eu entrei no mato
Se atracou numa cruzeira!

Às vezes só no borralho
Parece que vai falar
Ganiça um recuerdo antigo
Com uma tristeza no olhar!

Quando me dá na veneta
Eu saio sem rumo certo
E caso vá nalgum bochincho
Meu Bororé só de esperto
Deita embaixo do meu mouro
E nem o Diabo chega perto!

Se ele também fosse peão
Taureando o destino ingrato
Defendia o seu puchero
E ganhava por três ou quatro!

Pois tem campeiro do povo
De pilcha nova e guaiaca
Bobo igual terneiro novo
Que acompanha trem por vaca!

No açude em frente da estância
Parece um quadro de outrora
Nadando bem na flor d’água
Com o fio do lombo de fora!

Quantas vezes arrisca a vida
Pra não me deixar solito
Um touro brabo no laço
Ele rasga a dente o maldito!

Reculuta nos vizinhos
Com garbo de antigamente
Parece um guerreiro gaucho
Marchando de sangue quente!

Não dispara de estampido
Chamigo de alma e fé
Brasino pêlo de tigre
Chamado de Bororé!

Nos dias de gineteada
Com um maula que corcoveia
Caso ele ameace ir na cerca
Sai pegando “nas oreia”
E já salta no meu costado
Se “rebentá” uma peleia!

*Tema de João Sampaio.

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"Fique frio - pra cada sonho que não se realiza há um pesadelo que também não."
MILLÔR FERNANDES.

Um comentário:

  1. Muito lindo sou criador de Cimarrón e estou passando esta poesia para todos os criadores desta raça no Brasil, meus parabéns. Agora faz uma para os os Ovelheiros Gaúchos que estão meio esquecidos e precisam ser relembrados.

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