By JOÃO SAMPAIO - Itaqui/RS

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Recuerdo posteiro...


Recuerdo Posteiro

(L: José João Sampaio da Silva / M: Noel Guarany)

Recém volvi lá da estância
Depois de banhar o gado
E esta tarde foi um forno 
Com o sol do alto planchado 
As bolheadeiras... E as talhas 
Repinicando o alambrado

É esse o rastro do casco
Deste taura missioneiro 
Cruzo inverno a cavalo 
Por este pago campeiro 
Em marchas e recolutas 
Desta lida de posteiro

Apesar desses rigores
Conservo a alma serena 
Se o meu poncho vara água 
E as garras chegam dar pena 
No meu rancho nunca falta 
Cara alegre e yerva buena!! 

Assoviando campereio
Naquele flete de estouro 
Recorro bem o banhado 
Por que é feio tirar um couro 
E o patrão me disse ontem 
Que inté um guacho vale ouro!

Às vezes me falta plata
Inté pra ver as morena 
Faço de conta e não vejo 
Sigo meu tranco torena 
Guincho galpão... Tranço laço 
Galopeio algum ventena!!

Enganchar um boi no laço
Num aparte em tempo feio 
Pra livrar um companheiro 
De algum gavião sem costeio 
É um mandamento pampeano 
Que aprendi no pastoreio...

O patrão me deu um pingo
Um dos tanto que ele tem 
Um primor de bom de rédea 
De patas solto também 
Mas que amanhece aluado 
E não carrega ninguém

Já sovei-lhe o couro a mango
Risquei ele com as choronas 
Não encilho mais o tufo 
Nem com festas e cordeonas 
Me rebentou um serigote 
E extraviou duas caronas!

Me falta força e tutano
Pra seguir nessa labuta 
Tenho o corpo mais pesado 
E a coragem menos bruta 
Pois só mágoas campereio 
Com penas de recoluta!

E me vou deixando o rastro
Na invernada e no potreiro 
Tudo que fiz nesta vida 
Com garoa e com pampeiro 
Hoje... são simples memórias 
Do meu recuerdo posteiro!!!



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